
A Tripanossomíase americana, mais conhecida como Doença de Chagas, é uma infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. Apresenta duas fases: aguda (Doença de Chagas Aguda – DCA) e crônica. A fase aguda pode ser sintomática ou não, já a crônica apresenta-se de maneira indeterminada (assintomática), cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva.
Você muito provavelmente já teve contato, viu ou ouviu falar de um inseto chamado de Triatoma infestans, que é mais conhecido pelo seu nome popular: o Barbeiro.
O “Barbeiro”, por assim dizer, é um inseto que ocorre bastante na América do Sul, inclusive no Brasil. Recebe esse nome pois seus hábitos consistem em picar o rosto das pessoas, geralmente enquanto elas estão dormindo.
Mas o problema não é derivado de sua picada, mas sim pela excreção de suas fezes. No momento em que ele pica o rosto de alguém – para se alimentar do sangue da pessoa -, o inseto, também, elimina suas fezes no mesmo local.
E por assim, através do protozoário Trypanosoma cruzi, que é encontrado nas fezes do Barbeiro, há a contaminação quando essas fezes entram em contato com as feridas deixadas pelas suas picadas ou, até, da mucosa dos olhos, nariz e boca.
Inclusive, as picadas do Barbeiro são elementos que facilitam a contaminação pelas suas fezes. No momento em que ele causa o ferimento no tecido, a resposta automática do corpo humano é “passar a mão” na região afetada, geralmente coçando a ferida e espalhando, de maneira não intencional, as fezes infectadas do inseto.
Todavia, é importante frisar que a picada direta pelo inseto não é o único meio de desenvolver a doença. Algumas outras situações podem fazer com que as pessoas tenham contato com o protozoário, como:
Ingestão de alimentos contaminados pelo Barbeiro ou suas fezes;
Transfusão de sangue;
Acidentes laboratoriais;
De forma vertical (contaminação de mãe para filho, durante a gestação).
Após a contaminação pelo protozoário, o portador passará por duas fases: aguda e crônica. A fase aguda apresenta a possibilidade de um tratamento, entretanto, geralmente não apresenta sintomas característicos, fazendo com que a condição evolua para a fase crônica de maneira quase despercebida pelo portador.
Inclusive, com a intenção de conseguir diagnosticar a doença em sua apresentação assintomática, é aconselhável que pessoas que se encontram em determinadas circunstâncias propícias à contaminação da doença se disponham a fazer um diagnóstico preventivo. Alguns exemplos dessas vulnerabilidades são:
Pessoas próximas do convívio que sejam diagnosticadas com Chagas;
Residentes de áreas que relatam a presença do Barbeiro;
Pessoas que fizeram transfusão de sangue antes de 1992 (época que o rastreio do protozoário era deficitário em casos de transfusões sanguíneas – um dos métodos de contaminação -);
Gestantes portadoras do protozoário que podem contaminar o feto verticalmente, através do transpasse da barreira placentária.
Caso a pessoa tenha uma reação à picada do Barbeiro, alguns sintomas podem se manifestar, como:
Febre;
Mal-estar;
Falta de apetite;
Inflamação no local da picada;
Endurecimento da região abdominal e dor nesse local.
Ao não ser tratada no momento agudo, a doença de Chagas evolui para a fase crônica e seus resultados são mais graves. Nesse estágio da doença, o portador pode desenvolver complicações cardíacas, como:
Insuficiência cardíaca.
Arritmias cardíacas.
Ou no sistema digestivo:
Megacólon.
Megaesôfago.
De acordo com o Laboratório de Biologia das Interações do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/FIOCRUZ), por volta de 30% das pessoas que se contaminam com a Doença de Chagas que evolui para a fase crônica, acabam desenvolvendo essas condições fisiológicas de forma fatal.
O maior risco no desenvolvimento dessas doenças, decorrentes da infecção pela doença de Chagas, é a ausência de tratamento específico para combate-las, condicionando o seu portador a ser tratado por bases medicamentosas associadas a outras condições cardíacas.
Portanto, a melhor medida a se tomar contra a contaminação da doença de Chagas é a prevenção, impedindo a proliferação do Barbeiro em regiões perto de moradias e seus arredores. As ações de educação em saúde devem incluir medidas como:
Usar telas em janelas e portas;
Fazer limpeza periódica nas casas e em seus arredores;
Encaminhar insetos suspeitos ao serviço de saúde mais próximo para investigação da incidência dele na região.
BIBLIOGRAFIA:
https://bvsms.saude.gov.br/doenca-de-chagas-10/