Normalmente para os pais existe uma preocupação referente a alimentação saudável e entre seus filhos sejam eles crianças ou jovens. Hoje em dia, por exemplo, o acesso às redes de fast-food e produtos industrializados estão disponíveis em todos os lugares, seja por aplicativos ou lojas físicas, facilitando assim a preferência das crianças por alimentos mais gordurosos e calóricos.
Deste modo é importante sempre enfatizar a importância da alimentação saudável dentro de casa, porém essa não é uma tarefa fácil. As crianças e adolescentes crescem e durante essa transição entre as fases a supervisão constante de um adulto passa a ser mais difícil com relação ao tipo de alimentação que está sendo consumida.
E os dados preocupam: de acordo com dados do Ministério da Saúde em 2021, a estimativa é que 6,4 milhões de crianças tenham excesso de peso no Brasil e 3,1 milhões já evoluíram para obesidade.
A doença afeta 13,2% das crianças entre 5 e 9 anos acompanhadas no Sistema Único de Saúde (SUS), do Ministério da Saúde, e pode trazer consequências preocupantes ao longo da vida. Nessa faixa-etária, 28% das crianças apresentam excesso de peso, um sinal de alerta para o risco de obesidade ainda na infância ou no futuro. Entre os menores de 5 anos, o índice de sobrepeso é de 14,8%, sendo 7% já apresentando obesidade. Os dados são de 2019, baseados no Índice de Massa Corporal (IMC) de crianças que são atendidas na Atenção Primária à Saúde (SAPS).
As principais razões que explicam o crescimento no sobrepeso e obesidade entre as crianças e adolescentes brasileiros são:
1. Consumo de alimentos ultraprocessados: sucos de caixinha, refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos e macarrão instantâneo são alguns dos produtos mais consumidos pelos pequenos atualmente.
2. Mudanças nos padrões de amamentação: não cumprimento do aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade, associado à introdução dos industrializados já durante os primeiros meses de vida.
3. Falta de atividade física: cada vez mais as crianças e adolescentes têm preferido brincadeiras e atividades com pouco ou nenhum movimento, elas passam muito tempo sentadas ou deitadas, assistindo televisão, jogando videogame e navegando no celular ou tablet.
4. Influência da família: os hábitos adotados pelos pais e demais familiares também podem ter influência no peso da criança. É importantíssimo que os pais deem bons exemplos, especialmente até os dois anos de idade, quando o paladar está sendo formado.
5. Falta de acompanhamento especializado: nem todas as famílias conseguem ter um acompanhamento regular com um pediatra. Há uma cultura nacional de só levar os filhos ao médico em casos de emergência, mas o ideal é acompanhar a evolução da altura e do peso com visitas regulares.
6. Pandemia Covid-19: a pandemia teve um impacto importante na alimentação das crianças e adolescentes. A interrupção significativa na rotina das crianças pode gerar um saldo negativo na saúde mental e bem-estar, o que pode provocar um índice ainda maior de jovens com excesso de peso.
Esses números reforçam a importância de que os hábitos saudáveis têm mais chances de acompanhar a população durante a vida se começarem logo na infância. Ter ambientes saudáveis e promover a educação alimentar desde cedo pode evitar doenças que podem acompanhar durante o desenvolvimento e ao longo de toda a vida, afetando o desempenho escolar e aumentando o risco de vários agravos, como hipertensão, colesterol alto, doenças articulares, doenças cardíacas e diabetes. Por isso, quando o assunto é alimentação saudável, é preciso ter em mente que toda escolha nos aproxima ou nos distancia do bem-estar físico e mental, não importa a idade.
· Qual a importância da alimentação saudável para crianças e adolescentes?
Os alimentos são fonte de energia para as crianças, pré-adolescentes e adolescentes, os quais estão em fase de crescimento e por isso, é preciso manter um equilíbrio entre suas refeições.
O cuidado começa ainda na fase de introdução alimentar, que se inicia com a inclusão de hábitos alimentares saudáveis na infância, e vai aumentando conforme os filhos crescem e começam a ter liberdade de escolha, principalmente relacionado ao que querem ou não comer.
É essencial que a introdução alimentar seja feita no período correto (a partir dos 6 meses, após o período de aleitamento materno exclusivo) e com a inclusão de alimentos balanceados. Se esse período não tiver o cuidado e atenção necessários, as crianças ficam expostas cada vez mais cedo aos alimentos ultraprocessados e industrializados.
· Como incentivar a alimentação saudável para crianças e adolescentes?
Abaixo, reunimos 10 dicas que podem servir como guia nessa jornada. Confira!
1. Seja exemplo: “Os filhos são o reflexo dos pais”. Se você quer que seus filhos tenham hábitos alimentares mais saudáveis, tenha hábitos alimentares saudáveis também.
2. Transmita o valor do preparo da refeição: permita que eles participem das etapas de preparo das refeições para estimular o seu aprendizado;
3. Converse sobre alimentação saudável com seus filhos: é importante conversar sobre alimentação saudável com seus filhos. Além disso, manter esse diálogo em cada estágio de desenvolvimento deles pode ajudar a promover bons hábitos alimentares ao longo da vida.
4. Compartilhe refeições à mesa: segundo o Guia Alimentar Para a População Brasileira, para as crianças e adolescentes, em especial, sentar-se à mesa para consumir as refeições também é uma excelente oportunidade de adquirir bons hábitos e valorizar a importância de refeições regulares e feitas em ambientes apropriados.
5. Transforme comidas “sem graça” em refeições de brilhar os olhos: Há várias maneiras de preparar receitas deliciosas e saudáveis para as crianças, fazendo com que a alimentação do seu filho se torne saudável e divertida ao mesmo tempo.
6. Sirva uma variedade de alimentos: quando as crianças não têm a oportunidade de experimentar frutas e verduras, perdem a chance de treinar o paladar. Por isso, é importante que os pais deem preferência à uma alimentação equilibrada, variada e colorida.
7. Mantenha uma rotina alimentar: respeitar o apetite da criança e do adolescente, sem forçar a refeição, é imprescindível. Estabeleça uma rotina, com horários repetidos para realizar as refeições ao longo da semana.
8. Evite o consumo de alimentos industrializados: os salgadinhos, refrigerantes, biscoitos recheados, lanches fast-food, alimentos de preparo instantâneo, doces, sorvetes e frituras devem sair de cena e dar mais espaço aos alimentos que já conhecemos bem, como arroz, feijão, legumes e frutas.
9. Incentive a prática de atividade física: além de se alimentar bem é importante que as crianças e adolescentes realizem atividade física regular e mantenham uma boa rotina de sono de pelo menos 8h a 10h por dia.
10. Incentive a fazer escolhas saudáveis nos lanches da escola e nos momentos de lazer: caso tenha dúvidas em relação a isto, procure o pediatra ou um nutricionista para orientações mais específicas.
Sabemos da dificuldade dos pais nesta missão de fazer com que as crianças e adolescentes tenham uma alimentação saudável, esperamos que com essas dicas, vocês consigam incentivá-los a comerem bem e terem uma vida com mais saúde.
REFERÊNCIAS:
https://www.unicef.org/brazil/media/1101/file/Comer_bem_e_melhor.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf
https://www.fcm.unicamp.br/adolescentes/aprenda/13-dicas-para-uma-alimentacao-saudavel
https://blog.brandili.com.br/dicas-incriveis-sobre-alimentacao-saudavel-na-adolescencia